Friday, September 29, 2006

dêEm-me as chaves

Estive a pensar um bocado para cá com os meus botões e resolvi que a ideia de querer publicar a tasca para já é palerma por vários motivos.
Primeiro, porque o centro de fotocópias do colombo fez-me um orçamento francamente exagerado.
Segundo, porque nem sequer consigo estar debruçado sobre as mais de 1000 páginas deste blogue a seleccionar textos, ou a pensar na forma como poderia não parecer mais um livro de blogue. Daqui por alguns anos isto tem infinitamente mais interesse.

Ainda hoje escrevo como se tivesse caído no caldeirão dos leitores em pequeno, com aquela crença muito firme que aquilo interessa às pessoas que interessam, e que, pela escrita, as pessoas que interessam teriam vontade de tomar um copo comigo (não que cheguem realmente a fazê-lo, graças a Deus).

No entanto, há algo diferente agora, que é a dependência do julgamento de pessoas específicas, nomeadamente, de conselhos editoriais e isso, antes de poder chegar à malta que gosta de beber um copo com pessoal fixe.

Isso é novo para mim porque implica, finalmente, a hipótese de rejeição por parte de pessoas que nem fui eu que escolhi, que podem não ter sentido de humor, serem profundamente chatas e daquelas com quem nunca tomaria um copo. Essas pessoas existem e, nos meios literários, também devem existir. Tão chatos como a malta dos meios literários, só mesmo a malta de direito que ainda não perdeu o juízo completamente e leva aquilo dos tribunais e leis mesmo a sério.

Não voltaria a isto acho eu, apesar das saudades terríveis de vocês todos (aqueles com quem eu não bebo copos habitualmente).

No anonimato há sempre um esconderijo, uma nova vida, como jogar ao Collin McRae Rally na playstation. É terrivelmente divertido. Mas conseguir ser um filho da mãe maluco, genuíno, ridículo e idiota, dando o nome e a cara, é andar com o carro a sério numa estrada a sério, com risco de despiste catastrófico, na forma de internamento numa instituição psiquiátrica, de abanares de cabeça desiludidos, de janelas e portas a fecharem-se nas ruas e de copos de água na cara nos restaurantes finesse. Estou à espera de 1 resposta. Vamos lá ver. Larguei a playstation, agora dêm-me a chaves do 206 do DEF todo kitado pelo Cajó. Quero ir para a zona da Expo para o picanço com os intelectuais VRrrrm Vrrrrmmmmmmmmmmmmmmm....

Monday, July 24, 2006

adeus amores, até depois!

Ainda pensei, vou dizer que este blogue foi hackado, como o do outro, e depois «meto uma personagem hacker, um bocado assustadora, muito geek estilo X-Files» etc. Podia ser um hacker meio gótico. Acho piada aos góticos. São, juntamente com alguns autarcas, o ténue elo de ligação que temos com a Idade Média. Como animal de estimação teria um morcego e esse morcego chamar-se-ia Ivan, o terrível. Foi enganado pelo dono da loja de animais que lhe disse que o Ivan bebia sangue a sério. Afinal, o Ivan come figos, alperces, maçãs e outras frutas, mas têm de ser bem migadinhas com um garfinho para o Ivan poder digerir tudo. O hacker ia assinar "DarkLord".
Mas não. Contive-me a tempo.

Mesdames e messieurs, le bistrot de la culture, c'est fini! Estes três anos foram brutais.
Mas como me disse o psiquiatra (que por acaso também é meu agente), não é saudável ter mais de 4 obsessões. Mais vale concentrar energias numa única obsessão. Ou duas. Três vá lá.

Aprendi umas valentes lições que me foram ensinadas por tentativa-erro e por conhecer algumas das pessoas mais fascinantes de Portugal e, por conseguinte, do Mundo.
A saber:

1- A maior parte das pessoas é boa pessoa.
2- Vale a pena dar coisas às pessoas porque elas dão coisas de volta, tipo boomerang.
3- O trabalho compensa, o crime não.
4- Os gatos não são um animal de estimação adequado a homens que vivam sozinhos.
5- Os gatos não são um animal de estimação adequado a sofás que vivam sozinhos.
6- Nunca se queixem de nada porque não vale a pena, nem mesmo quando a alma não é pequena.
7- Quando tiverem uma grande tarefazorra, tipo livro, tese de mestrado ou doutoramento, pintar paredes da casa, etc. pensem apenas nas coisas em passos pequeninos, um de cada vez.
8- É mais divertido tentar a superação constante e fracassar, do que andar praí a anhar.
9- Ler é a parte mais importante de escrever.
10- Todas as pessoas sensíveis estão profundamente divididas entre o que são e o que parecem.
11- As pessoas gostam dos livros na medida em que gostarem do escritor.
12- Riam de vocês próprios.
13- Para se vingarem riam dos outros, gozem muito com os outros, especialmente com pessoas que não riem delas próprias.

Obrigado ao Zé Fabião, Paulo Graça, Diego Armés, Filipe Guerra, os meus compinchas malucos e, por nenhuma ordem especial excepto a das sinapses aleatórias na minha cabeça, obrigado à Maria João, à Catarina Lisboa, à Sofia Barbosa, ao Changuito da Barraca, ao Pedro Mimoso e à Lena D’Água. Obrigado ao Nuno Markl. Obrigado ao Rui Amaral.
Obrigado às duas musas Sofia Patruska, ao pé de quem a June Carter Cash era um pãozinho sem sal, e a Natália, que decerto destronaria a Edie Sedgwick no coração dos Velvet Underground.
E também a Catarina Matos que é quem vai mandar nas nossas mentes todas daqui a alguns anos. E à Mary Joan Wearplay. Obrigado ao Solipsista, ao Alexandre do Arame, à Laranja, à Rodrigues, ao senhor Carne, à Papoila, à Carla Quevedo, ao Dermot, ao Piscoiso, ao Gabriel e seus alter-egos (mais do que os meus), obrigado a todos os entrevistados para o balcão, obrigado ao Juvenal Anormal que eu nunca completei a entrevista com ele porque tive medo dele, obrigado ao gang todo do Vareta Funda, o Papo Seco, ao Papa, ao Nymoma, à Vdentada. Obrigado ao Eduardo Cesar (jovem escritor) e ao Júlio César (o actor), obrigado à velvetsatine, à tati, à carolin@, ao Das do Pirilampo Mágico, ao Katraponga, ao Henrique crítico musical e ao seu grande amigo JCD, ao Rui Tavares que uma vez disse que eu e o Maradona é que era, por falar nisso, obrigado à Vieira do Mar, espero não me estar a repetir, obrigado ao Bernardo, ao Marco, ao Rodolfo, ao Tejo Bar, à típica de alfama, à taberna dos clérigos, à sardinha, à Mood, aos grandes Rodrigo e Vasco, ao astrónomo profissional e à Anabela, por me terem mostrado Paris by night, obrigado ao Marketing e ao Podão, sejam lá quem forem. Obrigado ao Jeremias de pelo e osso, e agora muita gordura. Obrigado à Margarida Vale de Gato pela menção na águas furtadas nº9, caramba não era preciso, obrigado ao Jorge Nascimento, Obrigado à tasca o Refúgio da Andorinha de Sta Apolónia, que serviu de inspiração inicial, especialmente para o empregado da tasca. Obrigado ao Meu Pipi por ter iluminado o caminho. Obrigado às 150 mil visitas, especialmente as regulares e fieis. Obrigado à solidão das grandes cidades. Obrigado a todos quanto linkaram a Tasca da cultura, o technorati diz que eram mais de 200 mas eu sei que são muito mais, o technorati é que está a anhar.

Obrigado À Marlene, ao Davide, ao Ruben e à Virgínia Woof (no fim eles ficam todos juntos, o Cajó evadiu-se para o Canadá e a Marlene e o Davide adoptam o Ruben e a Woof tem cachorros com outro kanin klein genuíno). Obrigado ao Bom Selvagem, ao Jeremias, ao empregado da tasca, ao troncho.

Se eu me esqueci de alguém é favor desculpar. Tenho a certeza de que me estou a esquecer de alguém… 

Obrigado ao Herman José, que tem a culpa de tudo.

Obrigado à minha mãe por me fazer perceber o valor que um bicho felpudo e fofo tem, independentemente da qualidade da narrativa ou do humor. A sério, metam-lhe um cão ou um gato fofinho e conquistam o mundo. É que é uma coisa extraordinária. Viram ali a parte dos cachorros kanin klein? Pois.

E nem agradeci aqui o melhor de tudo o que me aconteceu, pois há coisas que nem aos blogues se contam e acho que se misturasse duas realidades paralelas podia acontecer uma singularidade no espaço tempo com a aniquilação de tudo. Obrigado ao Stephen Hawkings por me ter avisado.

Posto isto… valeu a pena. Agora é puxar o colarinho para cima. Espero ter novidades, aviso aqui, especialmente no que respeita à publicação artesanal das 1200 páginas de texto da tasca. Não acredito que haja editoras interessadas, mas existem formas de fazer as coisas sem precisar delas. Pfff. Basta-me imprimir as cópias na impressora do escritório, durante umas 10 madrugadas a fio, e depois pedir aos meus amigos todos para as encadernarem e coserem à mão. Tenho a certeza que eles alinham. Ou isso abro uma editora só para a ocasião. Tenho um amigo que era fiscalista no vale do ave e ele percebe dessas cenas.

O meu e-mail continua a ser tascadacultura@yahoo.com. Se eu me esqueci de alguém é favor dizer "fala de mim!" etc.

Fiquem bem! A gente vê-se :*********


ps: quem quiser rever cenas da tasca, basta procurar no google "tasca da cultura" está em cache, que é tipo o eco do ciberespaço. Claro que se pudesse apagar aquilo também apagava. Mas não posso por isso faço de conta que estou a ser genuinamente generoso.